sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tanto medo me consome, e eu fico estática, fico imóvel. Tanto medo me retraí que já nem me encontro mais. É sempre um querer e não ser pra ser o que 'ditam'.
É cruel viver assim. Deixar seus pedaços pra se constituir de pedaços alheios, formando um inteiro vazio, um inteiro aos pedaços, partes que não encaixam. É como esconder o pulsar do coração, prender a respiração ofegante, para vestir pontos de vistas alheios, para seguir verdades que não preenchem.

“E eu, não tenho voz? Não posso decidir nada?”, perguntava-se.

Anah F.S.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

"Do que eu precisava te dizer"


Você me pede pra que eu prometa não te deixar. E a minha voz some antes que eu consiga falar. Então você fica assim, na minha frente, esperando uma resposta que não vem. Eu fico imóvel, e você não sabe a luta que travo aqui dentro, na inútil tentativa de te dizer. Enquanto você espera, ansioso, meus monstros gritam, eu me afundo no abismo e a distância entre nós já não é mais a mesma, é tão maior.
Porque eu complico tanto? Você só espera duas palavras minhas, "Eu prometo" e somente, simples assim. Mas tudo que eu consigo é fechar os olhos, prender a respiração, e ver minha voz se calar, e minha coragem travar.

Logo você repete o pedido, repete a pergunta: 'Você promete?'. O meu silêncio é mais forte, é tão desconfortante para mim, olhar nos teus olhos, que são doces, e me sentir invisível e vazia.
Eu tento criar coragem pra falar, mas um turbilhão de imagens e vozes atormentam minha mente, e me fazem lembrar quem eu sou, e tudo isso me faz perceber que promessas de amor não são válidas, quando somos apenas uma lacuna existencial. E chego a pensar se não seria egoísmo querer te envolver no meu mundinho fechado e vazio, sim seria egoísmo.

Então você me olha, então você me toca e logo você se afasta, te dói tanto os meus silêncios, eu sei disso, e acredite, isso faz doer ainda mais em mim. Tanto eu tenho para dizer, tanta coisa que eu queria que você soubesse, coisas minhas sabe. Mais não digo nada, nem as duas palavras que você espera agora.

Mais uma vez eu me esforço, mais uma vã tentativa, e agora você já desacredita de tudo, isso porque quem exita em dizer um simples "EU PROMETO", não deve mesmo desejar o "PRA SEMPRE".
E é isso que você queria, promessas de ser pra sempre, de ser infinito.

Você começa a me agredir então, agredir não agredindo, sabe. É agressão pra mim, porque dói ouvir você dizer que fui falsa o tempo todo, enquanto eu tô aqui travando uma luta angustiante pra arrancar de mim duas palavrinhas. Você não me entende e isso é agressão pra mim.

E essas tuas agressões machucam, sabia. Nesse instante, meus sentidos mudam e desejo que vá embora pra não mais voltar, tudo porque começo a perceber que te deixei aproximar demais e, você não iria entender e sei onde isso iria chegar. Ouvir você me dizendo que eu nunca te amei, quando eu quase me afogo pra gritar que te amo, sem resultado, é uma agressão, e começo a desistir de você nesse momento, começo a desistir do "Eu prometo", desistir do "Para sempre", mas sei que se você sair por aquela porta, eu vou te xingar, eu vou te amar e, vou me torturar, por tudo o que eu não sou capaz de fazer, tudo que eu não consigo dizer.
Mas, o que importa agora, é que você já não espera mais, você já está mais distante, prestes a ir embora deixando em mim um desespero angustiante, e ainda assim, calado. Nem para impedir você de ir embora, as palavras saem, nem essas nem outras, a mudez me toma, e você não entende mas sei como te machucam os meus vácuos, os meus silêncios.
Isso me faz sentir menor. Ver o teu olhar descontente, tua decepção estampada na cara e eu aqui, calada como se não desse a mínima importância para os teus sentimentos. Essa impotência me imobiliza ainda mais, me fragiliza mais, eu me sinto um lixo, um lixo que você não merece. E, fica aqui a angústia, "perdi o cara que tem medo de me perder, AQUELE QUE ME PEDE ANSIOSO PRA FALAR DUAS PALAVRINHAS só pra se sentir um pouco mais tranqüilo de que não vou deixá-lo."


"Se pudesse entender os meus [amargos] silêncios,
notaria o sangue que derramo calada.
E [talvez] compreenderia que por trás dessa aparente indiferença,
eu carrego um turbilhão de sentimentos contidos"
A.F.S

Único Refúgio


"Porque se estas [palavras] se calassem eu não mais sobreviveria"



... A essência que me falta, está naquele abraço, naquele passo que não dei ...

Anah.F.S